Espaço para comentar notícias, falar sobre o cotidiano, política, comunicação, e a cultura que nos leva a ser quem somos. Ou será o contrário?

terça-feira, 28 de abril de 2009

Lançado o Mapa do Corredor Cultural Bom Fim

Agora é oficial: foi lançado no último sábado (25) o Mapa do Corredor Cultural Bom Fim, que congrega cerca de 20 instituições, entre museus, centros culturais, memoriais, livrarias e associações. O evento foi marcado pela execução da Feira do Livro e da Cultura do Bom Fim, realizada no estacionamento do Memorial da Justiça do Trabalho do RS.

Maio tem sarau lírico no Museu de História da Medicina

O Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (MUHM) apresenta na primeira quinta-feira de maio, dia 07, Sarau Lírico com a soprano Cíntia de los Santos e o pianista Leandro Faber. Os Saraus Líricos contam com apoio da Associação Gaúcha de Cultura Musical, e do mantenedor do MUHM, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul. Nas outras quintas-feiras do mês, acontecem ciclos de palestras com assuntos como medicina, literatura, história, saúde, turismo, ensino e cultura, além de sessões comentadas de filmes sobre história da Medicina. No programa do dia 07, músicas de George Gerschwin, Jerome Kern, Walter Gross, Hekel Tavares, Jayme Ovalle, Francisco Mignone e Waldemar Henrique.

Os eventos acontecem na sala Rita Lobato do MUHM, que fica na av. Independência, 270, Centro de Porto Alegre (Prédio Histórico do Hospital Beneficência Portuguesa). A entrada é gratuita, e recomenda-se chegar mais cedo, pois os lugares são limitados, e a última edição lotou. Há estacionamentos próximos ao local.

Cíntia de los Santos

Soprano Lírico internacional, é natural de Porto Alegre. Graduada em Música pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dedica-se ao estudo e prática do Canto Lírico desde 1991. Seu repertório como performer é eclético e apresenta diversas formações: Canto e Piano, Canto e Grupos de Câmara, Canto e Orquestra de Câmara, Canto e Orquestra Sinfônica, Canto e Orquestra de Sopros. Em 2002 gravou, na França, o cd “Eternal Source”. Foi a primeira soprano brasileira a solar, em 2003, árias de “O Messias” de Haendel na Sala de Concertos da Cidade Proibida de Pequim, China, onde também residiu. Realizou ainda obras sob a regência do maestro inglês Nicholas Smith e da Companhia de Ópera da Mississipi Symphony Orchestra, entre outros trabalhos.

Leciona técnica vocal para Canto Erudito e Popular em seu espaço próprio e na escola “Espaço de Criação Musical” em Porto Alegre. Atualmente é professora de técnica vocal dos Corais da UFRGS e PETROBRÁS, e coordena o programa “Erudito” da rádioweb de Porto Alegre.

Leandro Menezes Faber

Bacharel em Música pela UFSM, instituição onde atuou como Professor de Piano e Acompanhamento,Análise Musical,História e Literatura do Piano,além de reger a Orquestra Sinfônica e o Grupo de Percussão desta Universidade.Camerista e Acompanhador ,realizou apresentações em várias cidades do Brasil,além de Argentina, Uruguai e Alemanha, onde aperfeiçoou-se na Escola Superior de Música de Karlsruhe.

Com mais de 1300 apresentações em seu currículo, tem participação em 9 Cd’s e atualmente rege quatro Corais na cidade de Santa Maria, e destaca-se na especialidade Acompanhamento e Correpetição , nas gamas de instrumentos de cordas,madeiras, metais e percussão, assim como notadamente na área do canto lírico, na qual atua também como “adviser”, tendo recebido por isto Prêmio Especial no IV Concurso Internacional de Canto “Bidu Sayão”, onde dois de seus orientandos obtiveram premiações.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Completamente sem noção

Definitivamente os deputados perderam a noção do ridículo. A noção de ética já sabemos que é deficiente há tempos, mas agora foi além. O caso das passagens tem feito com que parlamentares quase chorem - e às vezes chorem mesmo - defendendo com unhas e dentes esse "direito" que estão perdendo. Quando o presidente da Câmara Michel Temer resolveu moralizar e fazer o que há milênios já deveria ter sido feito - restringir o uso ao parlamentar - a choradeira foi tanta que ele já deu para trás, repassando a responsabilidade ao plenário. Faz-me rir, para não chorar. É um ABSURDO que apesar dos altos salários - e se eles não acham, que olhem para o salário o povo - nós ainda tenhamos que pagar as passagens de suas mulheres. Que tirem de seus vencimentos, como todo o trabalhador que desempenha suas atividades em outras cidades/estados/países faz. Simplesmente inacreditável. Que a vigilância continue, e a pressão também.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O escândalo nosso de cada dia

Depois os políticos dizem que é inquisição, perseguição da mídia, os escândalos que abarrotam as pautas dos jornais diariamente. Mas não é para menos. Até os não comprovados tem lá um fundo de verdade ou no mínimo um sinal de fumaça que poderia acabar em fogo. A farra das passagens mostra bem a noção de bem público que possuem os nossos representantes. Mas a cara de pau é tanta que eles ainda propuseram aumento dos próprios salários - que é tão baixinho, todo mundo ganha tão bem neste país, não é mesmo? E a desculpa, então? Façam-me o favor, se não é a trabalho, ganham bem para pagar as passagens de parentes e amigos. Ou façam como todo mundo: economizem.

Agora, não satisfeitos com a Câmara e o Senado, os Ministros do Supremo também resolveram entornar o caldo. Acabou em bate-boca, mas o pior não é a falta de educação recíproca e de vergonha em aparecer ao vivo. É que as acusações ficam só por aí e não são investigadas. Quando são, morrem na praia, ou são tragadas pelo mar de lama que vem a seguir.



Em todo o caso, ao menos que fiquemos mobilizados para uma próxima tentativa de aumento de salários de quem não precisa. Se não maneram por consciência própria, que seja pela pressão.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Feira do Livro e da Cultura do Corredor Cultural Bom Fim no dia 25

Sem ser amanhã, no próximo sábado (25), o Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (MUHM) estará participando, das 10h às 18h, da Feira do Livro e da Cultura do Bom Fim, que terá a participação de cerca de 20 instituições, entre museus, livrarias e centros culturais da região. Durante a feira também será lanãdo o Mapa Corredor Cultural Bom Fim, marcando a localização de todas as instituições envolvidas. A realização é do Memorial da Justiça do Trabalho no RS, que sedia a feira no estacionamento de sua sede na rua Gal. João Telles, 369. O MUHM, além de divulgar o seu acervo e publicações na feira, vai oferecer uma oficina sobre conservação e preservação de livros.
A oficina que será oferecida pelo MUHM tem o nome do livro-personagem Biblos, que conta sua história em primeira pessoa, falando desde as agruras de ser um livro mal cuidado até as recomendações para ter uma “vida longa”. A história termina com Biblos sendo doado ao Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul, onde profissionais capacitados passam a tratá-lo bem, pois ele passa por um processo de higienização e restauração antes de ser colocado à disposição dos pesquisadores.


quinta-feira, 16 de abril de 2009

5º Concurso Universitário de Jornalismo CNN

Estão abertas até 29 de junho o 5º Concurso Universitário de Jornalismo CNN. O tema deste ano é “O uso da tecnologia no desenvolvimento social” e a novidade é que o estudante pode enviar o vídeo de até 2 minutos pelo YouTube, el pode produzir quantas matérias quiser.O concurso é válido somente para estudantes de jornalismo e o ganhador conhecerá os estúdios da CNN International, além de ter sua matéria exibida pelo canal. As inscrições podem ser feitas no site www.concursocnn.com.br e as notícias são postadas no blog www.concursocnn.com.br/2009/blog.

Memória e Política na AL

Na próxima quarta-feira (22) às 16h acontece uma conferência e debate sobre Memória e Política no Teatro Dante Barone da Assembleia (agora sem acento!) Legislativa do RS. Os painelistas são a socióloga, professora e historiadora Aspásia Camargo e o jornalista, cientista político e doutor em História Contemporânea pela Sorbonne Jorge Henrique Cartaxo. A debatedora é a historiadora mestre e doutora em História do Brasil pela PUCRS Vera Barroso. O evento acontece em homenagem aos 174 anos da ALRS.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

terça-feira, 14 de abril de 2009

Responsabilidade e diploma

Outro dia recebi um comentário em um post sobre a questão do diploma de jornalista, em que era reproduzido um artigo de Mino Carta defendendo o empirismo. OK, aceito a opinião de Mino Carta, embora não concorde. Afinal, ninguém vai se entregar a alguém que diga ter prática como médico e que não tenha diploma. Mas antigamente não era necessário, e agora, só por isso eu posso me jogar nas mãos de um açogueiro? Claro que não! Bem, a situação é a mesma.
Mas, o que realmente me chamou a atenção foi o fato de que o post foi Anônimo. Pois este é apenas mais um indício do que vai acontecer com a falta de regulamentação. Qualquer um escreve o que quer e não se identifica, não se responsabiliza. Eu não sei se lá no meio do texto não foi alterado o conteúdo do artigo do Mino Carta, que eu já conhecia, pois leio também o que discordo. Não vou entrar no mérito de se jornalismo é ciência ou não. Centenas de professores com doutorado, logo mais capacitados que eu, pelo país, acham que é ciência, e eu prefiro me unir a eles, já que é para ficar ao lado de quem tem currículo.
Enfim, obrigada ao Anônimo por comprovar minha tese.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Dia do Jornalista

Hoje é o Dia do Jornalista. Não sei se o leitor percebeu, mas nos marcadores ou "tags" tenho colocado, nas questões referentes à manutenção da lei de regulamentação do diploma de jornalista, em questão no STF, marquei não apenas Jornalismo, mas, também, Política. Poderia também ter posto Economia. Essa questão vai além do corporativismo e do desejo pela manutenção do campo, tem a ver com a manutenção do direito do cidadão à informação, por razões que foram muito bem colocadas nos artigos que reproduzi e comentei nos últimos dias, e que convido os que não leram ainda a fazê-lo.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Mobilização pela manutenção do diploma

Para não deixar a mobilização pela exigência da manutenção do diploma de Jornalista, reproduzo aqui artigo que acredito ir direto ao ponto principal da questão: o interesse das empresas em deixar de contratar pessoas com a qualificação e salário justos tanto aos profissionais como à sociedade.

* Vitor Ribeiro

O fim da exigência do diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista interessa aos donos da mídia. Vale lembrar que foram os proprietários dos veículos que recorreram ao judiciário, para derrubar o diploma e nossa regulamentação profissional. Afinal, com a extinção da exigência, a liberdade de expressão será propriedade privada dos detentores dos veículos de comunicação. Eles terão o pleno poder de decidir quem poderá ou não exercer a profissão de jornalista no Brasil. A liberdade de expressão nada ganhará. Não se iludam.

Com a exigência do diploma, os donos da mídia precisam recrutar entre os profissionais habilitados os seus trabalhadores. Sem ter que obedecer à exigência, recrutarão como bem entenderem seus escribas servis. Temo pela remuneração e direitos dos escolhidos.

O fim da exigência do diploma transformará em verdadeiros faraós os donos da mídia, que terão poder absoluto e ampliado sobre os seus veículos de comunicação. Como se eles já fossem pequenos.

A despeito de proteger a liberdade de expressão, o Supremo Tribunal Federal (STF) corre o risco de cometer um engano que será extremamente danoso para a sociedade brasileira. Ampliar os direitos dos donos dos veículos, em detrimento dos jornalistas habilitados, não parece ser o caminho mais seguro para garantir e ou ampliar o direito de expressão ou de imprensa no Brasil.

Foi criado um falso dilema. A exigência do diploma não é uma ameaça à liberdade de expressão. Já a sua extinção deve concentrar mais poderes nas mãos de poucos, que além do forte e inabalável compromisso sempre justificado com lucro acima de tudo, tem entre seu seleto grupo, figuras detentoras de altos cargos públicos, que possuem concessões públicas seja através de parentes ou de terceiros no comando de emissoras de rádio e televisão.

Respeito os que defendem a extinção do diploma, por comparar a profissão de jornalista com a dos poetas e escritores, porque estão sendo ingênuos, mas desconfio dos que argumentam que o fim de tal exigência irá ampliar a liberdade de expressão, simplesmente porque o argumento é falacioso.

*Vitor Ribeiro - Editor executivo do www.ojornalista.com.br

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Acervo da falida Bloch Editores vai a leilão

A Executiva Nacional das Associações Regionais de Arquivologia (ENARA) está divulgando que o acervo de meio século da falida Bloch Editores está indo a leilão.

São mais de 12 milhões de fotos das antigas revistas Manchete e Fatos e Fotos, por R$ 2 milhões. São Paulo - Escolha um fato relevante ocorrido no Brasil ou no exterior entre 1952 e 2000, das guerras aos concursos de miss, das Copas do Mundo às manifestações contra a ditadura militar, e ele terá sido retratado pelos fotógrafos das revistas da Bloch Editores, como "Manchete" e "Fatos e Fotos". Todo o acervo fotográfico da empresa, que abriu falência há nove anos - um total de 12 milhões de fotos, cromos e negativos -, irá a leilão em abril ou maio.


Leia mais: http://www.enara.org.br/modules.php?name=News&file=article&sid=665

Diploma: julgamento adiado para 15 de abril

Segundo o site do Supremo Tribunal Federal (STF), o Plenário da casa decidiu suspender a análise da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) número 130, que questiona a Lei de Imprensa. O relator da matéria, ministro Carlos Ayres Britto, votou pela procedência total da ação e foi acompanhado pelo ministro Eros Grau, que adiantou seu voto. Os dois ministros consideraram que toda a lei de imprensa não é compatível com a atual Constituição Federal. O julgamento terá continuidade na sessão plenária do dia 15 de abril.

Parte das mudanças tem o apoio dos jornalistas para ser revisado, que é o que diz respeito a punições que já estão previstas no código penal, independente da profissão, e por isso existirem apenas para uma profissão é discriminatório e anticonstitucional. No entanto, está também em jogo a regulamentação da profissão e a exigência do diploma para o exercício do jornalismo, que pode ficar a cargo de pessoas despreparadas, definidas apenas para representar interesses escusos, sem código de ética ou instrução adequada, embora a justificativa seja a de que profissionais de outras áreas possam exercer a profissão - que atualmente já estão previstos como colaboradores.

O site Coletiva.net fez um levantamento dos ministros envolvidos no julgamento: Nomeado por José Sarney: Celso de Mello, em 1989 (nascido em 1945, pode ficar até 2015); nomeado por Fernando Collor de Mello: Marco Aurélio de Mello, em 1990 (nascido em 1946, pode ficar até 2016); nomeados por Fernando Henrique Cardoso
Ellen Gracie, em 2000 (nascida em 1948, pode ficar até 2018); Gilmar Mendes - nomeado em 2002 (nascido em 1955, pode ficar até 2025); e nomeados por Luiz Inácio Lula da Silva: Antônio Cezar Pelluso, em 2003 (nascido em 1942, pode ficar até 2012); Carlos Ayres Britto, também em 2003 (nascido em 1942, pode ficar até 2012); Joaquim Barbosa, em 2004 (nascido em 1954, pode ficar até 2024); Eros Grau, igualmente em 2004 (nascido em 1940, pode ficar até 2010); Enrique Ricardo Lewandowski, em 2006 (nascido em 1948, pode ficar até 2018); Cármen Lúcia Antunes Rocha, também em 2006 (nascida em 1954, pode ficar até 2024); e, finalmente, Carlos Alberto Menezes Direito, nomeado em 2007 (nascido em 1942, pode ficar até 2012).

Segundo o site do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, ontem, a Federação dos Jornalistas da América Latina e Caribe (Fepalc) também reiterou seu apoio à campanha de exigência do diploma no Brasil. Eduardo Márquez, vice-presidente da entidade, afirmou: “Exigir o diploma para o exercício do jornalismo é tão válido e saudável quanto solicitá-lo a um médico, um arquiteto ou advogado. Alguns afirmam que com esta exigência se limita a liberdade de expressão, mas estão equivocados. Confundem liberdade de imprensa com liberdade de empresa. Nós jornalistas defendemos a liberdade de informação e o direito do cidadão a que esta informação seja verdadeira, equilibrada, oportuna e de qualidade. Por esta razão a Fepalc se une à campanha da Fenaj, que é nossa afiliada.”

Recurso contra o diploma é retirado da pauta do STF

Notícia é do site da FENAJ:

O recurso contra o diploma foi retirado da pauta de votações do STF. Prossegue no plenário a apreciação da Adin contra a Lei de Imprensa. O Ato Público Nacional continua. A Executiva da FENAJ e a Coordenação da Campanha em Defesa do Diploma vão se reunir para traçar novas estratégias de continuidade do movimento.

Às 16h45 desta quarta-feira (1º/04) a coordenação do movimento foi informada que, a pedido do presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do RE 511961, ministro Gilmar Mendes, o advogado que representa a FENAJ e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na ação foi oficialmente comunicado da retirada do tema da pauta. Não foi divulgada nova data para julgamento do recurso contra o diploma.

Dirigentes da campanha continuam no plenário do STF acompanhando a votação da Adin contra a Lei de Imprensa. “Após o Ato Nacional a Executiva da FENAJ e a Coordenação da Campanha vão definir novas ações, mas desde já a orientação é para que a movimentação nos estados e os preparativos para o Dia do Jornalista, 7 de abril, prossigam”, disse o diretor da FENAJ Luiz Spada.

Artigos sobre o diploma de Jornalista

Engajada na campanha pela manutenção do diploma de jornalista, reproduzo abaixo artigo igualmente publicado nos principais jornais do país. Ao final, artigo também divulgado na imprensa pela presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), a meu ver, de extrema infelicidade, e no final explico minha opinião.


Jornalista, só com diploma

*Sérgio Murillo de Andrade

Em 1964, há 45 anos, na madrugada de 1º de abril, um golpe militar depôs o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura de 21 anos no Brasil. Naquela época, todos os setores, inclusive o Jornalismo, e liberdades democráticas foram atingidas e sofreram por mais de duas décadas.

Em 2009, a sociedade brasileira pode estar diante de um novo golpe, mais direcionado que então. Desta vez, especificamente contra o seu direito de receber informação qualificada, apurada por profissionais capacitados a exercer o Jornalismo, com formação teórica, técnica e ética.

A exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista, em vigor há 40 anos (1969/2009), encontra-se ameaçada. O Supremo Tribunal Federal (STF) julgará, também em 1º de abril, o recurso que questiona a constitucionalidade da regulamentação profissional do jornalista. O ataque à profissão é mais um ataque às liberdades sociais, cujo objetivo fundamental é desregulamentar as profissões em geral e aumentar as barreiras à construção de um mundo mais pluralista, democrático e justo.

É importante esclarecer: defender que o Jornalismo seja exercido por jornalistas está longe de ser uma questão unicamente corporativa. Trata-se, acima de tudo, de atender à exigência cada vez maior, na sociedade contemporânea, de que os profissionais da comunicação tenham uma formação de alto nível. Depois de 70 anos da regulamentação da profissão e mais de 40 anos de criação dos Cursos de Jornalismo, derrubar este requisito à prática profissional significará retrocesso a um tempo em que o acesso ao exercício do Jornalismo dependia de relações de apadrinhamentos e interesses outros que não o do real compromisso com a função social da mídia.

O ofício de levar informação à sociedade já existe há quatro séculos. Ao longo deste tempo foi-se construindo a profissão de jornalista que, por ter tamanha responsabilidade, à medida que se desenvolveu o ofício, adquiriu uma função social cada vez mais fundamental para a sociedade. E para dar conta do seu papel, nestes quatro séculos, o Jornalismo se transformou e precisou desenvolver habilidades técnicas e teóricas complexas e específicas, além de exigir, também sempre mais, um exercício baseado em preceitos éticos e que expresse a diversidade de opiniões e pensamentos da sociedade.

Por isso, a formação superior específica para o exercício do Jornalismo há muito é uma necessidade defendida não só pela categoria dos jornalistas. A própria sociedade, recentemente, já deixou bem claro que quer jornalista com diploma. Pesquisa do Instituto Sensus, realizada em setembro de 2008, em todo o país, mostrou que 74,3 % dos brasileiros são a favor da exigência do diploma de Jornalismo. E a população tem reafirmado diariamente esta sua posição, sempre que reclama por mais qualidade e democracia no Jornalismo.

A Constituição, ao garantir a liberdade de informação jornalística e do exercício das profissões, reserva à lei dispor sobre a qualificação profissional. A regulamentação das profissões é bastante salutar em qualquer área do conhecimento humano. É meio legítimo de defesa corporativa, mas sobretudo certificação social de qualidade e segurança ao cidadão. Impor aos profissionais do Jornalismo a satisfação de requisitos mínimos, indispensáveis ao bom desempenho do ofício, longe de ameaçar à liberdade de Imprensa, é um dos meios pelos quais, no estado democrático de direito, se garante à população qualidade na informação prestada - base para a visibilidade pública dos fatos, debates, versões e opiniões contemporâneas.

A existência de uma Imprensa livre, comprometida com os valores éticos e os princípios fundamentais da cidadania, portanto cumpridora da função social do Jornalismo de atender ao interesse público, depende também de uma prática profissional responsável. A melhor forma, a mais democrática, de se preparar jornalistas capazes a desenvolver tal prática é através de um curso superior de graduação em Jornalismo.

A manutenção da exigência de formação de nível superior específica para o exercício da profissão, portanto, representa um avanço no difícil equilíbrio entre interesses privados e o direito da sociedade à informação livre, plural e democrática.

Somos mais de 60 mil jornalistas em todo o país. Milhares de profissionais que somente através da formação, da regulamentação, da valorização do seu trabalho, conseguirão garantir dignidade para sua profissão, e qualidade, interesse público, responsabilidade e ética para o Jornalismo praticado hoje no Brasil.

E não apenas a categoria dos jornalistas, mas toda a Nação perderá se o poder de decidir quem pode ou não exercer a profissão no país ficar nas mãos de interesses privados e motivações particulares. Os jornalistas esperam que o STF não vire as costas aos anseios da população e vote pela manutenção da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista no Brasil. Para o bem do Jornalismo e da própria democracia.


* Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ


A seguir, o artigo da presidente da ANJ.


Jornalismo independente e de qualidade

Judith Brito *

Jornalismo é uma atividade relacionada diretamente à liberdade de expressão. A divulgação de informações e opiniões pelos meios de comunicação deve acontecer com plena liberdade, com todos tendo o direito de exercê-la, e é isso o que estabelece a Constituição de 88. Mesmo assim, sobrevive até hoje lei baixada em 1969 por uma junta militar, no auge do autoritarismo, que limita o exercício do jornalismo a quem tenha diploma universitário de jornalista.

A constitucionalidade dessa lei do período militar está na pauta de hoje do Supremo Tribunal Federal. A questão não diz respeito apenas a jornalistas ou empresas jornalísticas, mas a toda a sociedade, já que a liberdade de expressão é um direito social fundamental. Os cidadãos têm o direito de serem livremente informados, sem nenhum tipo de cerceamento.

Pretender que apenas quem passa por uma escola de Jornalismo será um bom repórter, um bom jornalista, é desconhecer a essência da atividade. Cidadãos com diferentes formações podem ser excelentes jornalistas, apurando e divulgando com competência e responsabilidade as informações que interessam à sociedade. O fundamental é a capacidade de apreender a realidade e transmiti-la dentro das características de cada mídia. Essa capacidade depende, mais do que tudo, de talento e de formação humanista. Jornalismo não é uma atividade técnica, como a medicina ou a engenharia.

As empresas jornalísticas valorizam os profissionais formados nas boas escolas de Jornalismo e não podia ser diferente. Eles tiveram um aprendizado voltado especificamente para essa atividade. Mas, muitas vezes, gente com outra formação profissional ou que simplesmente tem um talento especial acaba engrandecendo a reportagem, o jornalismo ou o exercício da opinião nos meios de comunicação. E isso é o que importa para a sociedade, no seu direito de ser livremente informada.

Imagine se houvesse uma lei determinando que apenas quem passasse por uma determinada escola universitária teria direito a escrever livros? Seria uma restrição absurda, obviamente contrária à liberdade de expressão. De alguma forma, é o que se criou no Brasil com a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo, limitação que inexiste na maior parte dos países, especialmente naqueles com tradição democrática.

A revolução digital que chegou aos meios de comunicação torna ainda mais obsoleta essa ideia de que apenas alguns podem exercer o jornalismo. Mais do que restrições à liberdade de expressão, o que interessa à sociedade é jornalismo independente e de qualidade.

*Presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ)


Somente interesses comerciais - e nunca sociais - podem levar alguém a defender da forma defendida acima a não obrigatoriedade do diploma. Além de caminhar para trás, diminuindo a qualidade do jornalismo, é também uma opinião que não parece vir de alguém que trabalha no meio, embora venha. Efetivamente, se é para falar de história, pode-se convidar um historiador para esse fim. Sobre medicina, um médico. Sobre direito, um advogado. Sobre economia, um economista. Mas ele não conhece as técnicas jornalísticas - sim, senhora presidente, jornalismo é teoria e técnica. Linguagem de jornal, revista, rádio e televisão diferem, e os demais profissionais não conhecem - e nem precisam - conhecer estas particularidades. É por isso que eles não cursaram jornalismo! Para ater-se no que é matéria especializada deles. E porque a sociedade precisa de historiadores, médicos e advogados para fazerem o que jornalista não faz: pesquisar períodos não atuais e fazer estas relações, fazer cirurgias, conhecer o código civil, trabalhista, penal, etc. E é por isso que nós estudamos jornalismo, para não apenas reportar o presente e escrever sobre os assuntos consultando as pessoas que deles entendem, mas para entender os meios de divulgação desta mensagem. Temos ainda a responsabilidade de quando colocarmos um assunto em pauta, ouvir fontes diversas, para dar maior opção ao leitor sobre em quem acreditar ou não, ou vontade de ir mais a fundo. Será que o médico, ao ir na televisão, vai fazer o textinho dele do jeitinho que "cabe" na tv? Ou vai fazer um roteiro? Claro que não! E quem vai fazer? O jornalista!

Se acabarmos com a obrigatoriedade do diploma, a bagunça estará instalada. Vamos logo, então, terminar com as provas da OAB, aliás, com o curso de Direito. Se eu estudar sozinha, posso muito bem me defender. Vamos também colocar as parteiras em consultórios próprios. E por aí vai. Se só o conhecimento do "la garantía soy yo" é que vale, então vamos generalizar. E, aí, vamos ver se a qualidade dos serviços não vai decair, se os processos não vão aumentar e se não é a sociedade quem vai ser a maior prejudicada.

Mas, o pior de tudo, é dizer que a exigência o diploma de jornalismo é contra a liberdade de expressão. É justamente isso que GARANTE a liberdade de expressão, a pluralidade de idéias, a busca de diferentes fontes, um código de ética diretamente relacionado à informação. Em forma de entrevistas ou de envio de artigos continuarão a ser ouvidos todos os segmentos da sociedade, do especialista à pessoa comum. Mas é o jornalista quem irá procurar essas pessoas, com o compromisso assumido em seu juramento de jornalista. Juramento que um provisionado não fez.

Uma piada de mal gosto como essa só podia mesmo ter julgamento no dia 1º de abril, inclusive com o fatídico aniversário de 45 anos de um outro golpe, que, este sim, ameaçava a liberdade e a imprensa, que, caso as pessoas já tenham esquecido, não significa acabar com a qualidade deixando qualquer pessoa sem compromisso ético escrever, mas sim permitir ao jornalista o acesso à informação para que esta chegue ao público da forma mais isenta possível, e este jornalista sabendo que não existe isenção total, mas reconhecendo o compromisso com o público, e não com determinado grupo, e compensando isto com a busca de diferentes opiniões e fontes, fontes estas que precisam ter a garantia de não ser expostas em suas denúncias que vem garantindo a chegada da verdade à sociedade.

Inscrições abertas para o 1º Prêmio MUHM de Fotografia



O Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (MUHM) lançou na última sexta-feira (27) o 1º Prêmio MUHM de Fotografia: As Faces da Saúde. O concurso premiará fotógrafos profissionais e amadores com registros sobre prédios de hospitais, centros e postos de saúde, atendimento médico, pacientes, entre outros, de todo o Brasil. O objetivo é instigar, a partir da fotografia, reflexões sobre a saúde, do ponto de vista da universalidade do acesso. Os trabalhos serão julgados por integrantes do MUHM, de seu mantenedor, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, e pelos fotógrafos Luiz Eduardo Achutti, Rogério Amaral Ribeiro e Felipe Henrique Gavioli. O valor da premiação, que será em dinheiro, por categoria e colocação, estão disponíveis no endereço www.muhm.org.br, assim como a ficha de inscrição, regulamento e demais informações.

DATAS E PRAZOS:

27 de março – Lançamento
25 de maio – Encerramento das inscrições
08 de junho – Divulgação do resultado no site do MUHM
26 de junho – Premiação e inauguração da mostra "As Faces da Saúde"
27 de junho a 1° de setembro de 2009 – Período de exposição no MUHM

DOCUMENTOS (em pdf):

Regulamento do 1º Prêmio MUHM de Fotografia
Ficha de Inscrição
Contrato de Cessão de Direitos Autorais Patrimoniais