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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Fazer dos números poesia

O título do post foi a grande mensagem da palestra de Alex Bellos dentro do Fronteiras da Educação (que integra o Fronteiras do Pensamento), realizado na última semana em um Salão de Atos da UFRGS parcialmente utilizado. O horário, 9h de uma terça-feira, não ajudou os professores a comparecer ao evento em número maior, mesmo sendo gratuito. De qualquer forma, a experiência valeu para aqueles que assistiram, e quem comprou o livro diz que a palestra é igual, logo, ainda há chance. No dia do evento tuitei alguns pontos que retomo aqui.

O outro grande "lance" da palestra é a demonstração de que até mesmo os números guardam aspectos e diferenças culturais, que vão da forma como agrupamos os pauzinhos para contar, que difere (enormemente!) entre sul americanos, europeus e asiáticos.

Mas a descoberta do dia foi que não só os indianos - e não os árabes, ao contrário do que o "arábicos" indicam - são os grandes inventores dos números como nós conhecemos, como há um conceito que além de ser inédito é holístico: o zero, mesmo os à esquerda, são muito importantes. E não, ele não significa um buraco, um nada, muito pelo contrário, significa o todo.



sorry, @alexbellos, BR invenção não pega
Sugestão à Indiana contra a corrupção. No Brasil eu duvido que pegue: uma nota de Zero Rúpias 


A outra descoberta é a de que a maioria de nós - eu como jornalista puxando o trem - está pior que os chimpanzés para os cálculos. Alex Bellos mostrou um vídeo em que os bichinhos dão um show de rapidez de cálculo e raciocínio. As crianças deram outro show quando utilizando métodos de aprendizagem em que associam os números a figuras e bichinhos, calculando em segundos números altos e em sequência que aparecem de forma bastante rápida. Elas também aprendem a contar de forma ritmada, lembrando canções de ninar. Um fator que também ajuda, segundo Bellos, é o fato de, na China, os nomes dos números terem apenas uma sílaba. E aí está feita a poesia. Além disso, para quem tem filhos pequenos, fica a dica: dê-lhes um ábaco de presente.

Fora a vergonha de perder para um chimpanzé, ainda tive que escutar o relato de que certa vez, já matemático, ao entrar para um jornal em Brighton, UK, foi surpreendido pela admiração dos jornalistas em entender como grande parte da população "adivinhou" o número de cones em uma estrada. "Claro" que eles não se deram conta que se o número de Km era dado e a exatidão britânica é seguida na distância entre um cone e outro o cálculo ficava muito fácil. Confesso: também só entendi quando ele explicou.



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