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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Hospedagem: nunca subestime ou bote fé demais pelo preço

Que os Albergues da Juventude tem preços acessíveis, todo mundo sabe. Que existem Hostels ou Hostales ou simplesmente hotéis mais simples, que cobram menos, também. O que nem todo mundo sabe é que hotéis mais caros também dão vexame e que os albergues podem ser uma ótima opção.

O primeiro albergue que fiquei foi o St. Nicholas HOSTEL, em Buenos Aires, em 2006. O lugar é legal, tem quartos privativos, também, o local onde se toma café da manhã e acessa Internet parece um jardim de inverno (lugarzinho com vidro e madeira). El desayuno é café e pão com marmelada. Parece pouco, quando se pensa nos brasileiros, mas é suficiente. Mas o local tem muitas escadas e isso pode dificultar o acesso para muita gente, especialmente para quem é jovem de espírito mas já sente a experiência nas articulações. E também é cansativo depois de um dia de andanças de turistas. Aí vieram dois grandes achados: o Cardton Hotel, que tem elevador e preços bem parecido com o de albergues. O café melhorou: aqui servem media lunas! Quartos com tv e banheiro. Ah, sim, no quarto que fiquei  no St. Nicholas não me entendi com o chuveiro, mas isso pode ter melhorado. Lá a Internet era gratuita, mas lenta, bem lenta. No Cardton não tem, mas há vários locutórios próximos. A outra descoberta é um restaurante uruguaio na esquina, o Medio y Medio. Uma boa para ficar com vontade de atravessar a balsa. Adiante comentário sobre o Che Lagarto BsAs (foto).



Recentemente fui pela segunda vez a Montevidéu e conheci também Colônia do Sacramento, Punta del Este já conhecia. Ao menos nas duas primeiras há albergues e hotéis acessíveis, mas posso falar por um hotel que não fiquei mas entrei várias vezes pelo número de pessoas que ficam lá: o Splendido.

O lugar é bem maior do que parece, tem Internet e cozinha, e quartos desde os mais simples aos mais completos. Tem um que parece que uma adolescente acabou de se mudar dali: colorido, com colagens de artistas... bem legal. E  tem os clássicos, com camas de casal, inclusive para o público gay. Enfim, para todos os gostos. Café é opcional. Problemas: tem escadas, também.

E há algo que pode ser problema - ou não: fica próximo ao Teatro Solís e na rua dos principais barzinhos da ciudad vieja.




Ótimo para quem quer sair à noite, ruim para quem quer dormir... a dica é na reserva dizer qual sua intenção para não ficar em um quarto de frente, pois até a banda de Candombe passa em frente com o seu batuque. (fotos)

Mas o problema do barulho não é exclusividade do bairro boêmio, pois eu fiquei em dois diferentes hotéis na c. Paraguay e posso dizer que não dá para ficar em quartos de frente e baixos, pois se ouve o trânsito de maneira insuportável.

Mas os cafés nesses hotéis (Oxford e Continental) são bem bons. No Oxford, que fui em 2009, há Internet gratuita e rápida, além de Wi-Fi grátis.


O grande fiasco foi em Viña del Mar, no Chile, em 2007. Hotel centenário e 4 estrelas, o hotel O Higgins era a sede do congresso que fui participar. Talvez tenha sido inveja dos meus colegas que acharam meu quarto melhor, mas só sei que nesta vez descobri que os percevejos não existem só na música... Eu registrei em foto e vídeo, mas, acredite, não é bonito. Pior ainda é o estrago na pele para quem é alérgico, o meu caso, claro.

A propósito... li recentemente queixa semelhante no Che Lagarto de Copacabana, no site dos Mochileiros. Lamentável, mas parece que felizmente é só lá. Fiquei no Che Lagarto de Lima, no Peru, e foi ótimo, agora em dezembro (2009).



Quarto, banheiro, Internet - gratuita e rápida - e café da manhã muito bons. Aliás, um dos melhores cafés, com o café, mesmo, o chá de coca - óbvio! - bolo, pães, geléia, margarina/manteiga. Tem tv, livros, várias atividades e cozinha se a pessoa quiser usar. Tem escada, mas não muitos lances, se o elevador estiver funcionando fica só um lance pequeno, mas para quem tem dificuldades é problema. Fica numa travessinha simpática no bairro de Miraflores. Em Buenos Aires uma amiga ficou e aprovou e eu fui lá conferir: eles tem um barzinho ótimo. Em Santiago também conheci pessoas que ficaram e gostaram, mas fiquei em hotéis que não foram nem caros, nem baratos, nem tenho nada a destacar, para o bem ou para o mal, a não ser a localização, que eram bem próximas a estações de Metro, o que não era o caso do albergue, que exigiu boa caminhada.

No Peru também há o Loki Hostel, que testei em Cusco (também dezembro de 2009). O café é frio, não perguntem o motivo, mas tem o chá de coca - claaaro - e também pão, geléia e margarina. Quem foi no de Lima gostou e assim como o Che, existe em vários países da região. O barzinho do de Cusco é muito bom, embora as atendentes não entendam uma palavra de espanhol, pois vêm da Europa. Mas na recepção são peruanos. Uma coisa estranha: nenhuma tomada funciona nos quartos, é preciso colocar os aparelhos em pequenos armários na recepção com cadeados. O albergue fica em uma área alta, a Cuesta de Santa Ana, e embora não dê vontade de subir, depois de tantas caminhadas que se faz por lá, é só pegar um táxi, que lá é muito barato. Aliás: local com muitas escadas e obstáculos, embora o local seja bem acolhedor.



Tanto em Lima como em Cusco os armários eram embaixo da cama, mas era preciso ter o seu cadeado. E é importante chavear, porque a porta fica aberta, coisa que não acontece nos albergues europeus, sempre recebemos uma chave, em geral eletrônica.

Já que estamos no mundo hispânico, em Madri não fiquei em AJ, mas é um albergue, também, porém  Metropolitano. Ótimo, inclusive porque decidiram me dar um quarto privativo com tv e banheiro por conta deles, com a chegada de um grupo grande de portugueses. Mas não é só isso, o barzinho é legal, assisti Real Madri x Barcelona lá, e o café da manhã é o melhor dos albergues que fiquei na Europa, com café, pão, bolinho, etc. Agora, frutas, é difícil... A Internet é gratuita e rápida. Primam pela segurança, são bem "chatos", no bom sentido, com relação a isso, pois estão em uma área central com muito apelo tanto para turistas como para prostitutas - e não estranhe se acrescentarem que elas são, muitas vezes, brasileiras...

Outro local em que sentimos forte a questão da imigração ilegal é em Barcelona. O "casco viejo", ou seja, a parte mais antiga, foi tomada por pessoas de toda a parte e há tensão inclusive entre os próprios imigrantes, e essa sensação pesada não é muito melhorada pelo ambiente gótico geral... mas a localização, do Center Ramblas Youth Hostel, ainda assim, é ótima, pois como diz o nome, fica próximo às Ramblas, ao mercado  Boqueria - que não é nada que os brasileiros vão se admirar, mas é uma ótima oportunidade de comer frutas - e a estações de Metro, teatros, etc. O local tem armários nos quartos que tem o sistema de pagamento com devolução. Em compensação, os chuveiros não tem porta, apenas cortinas, e isso, para quem viaja sozinha e é mulher, dá insegurança, especialmente se, como aconteceu, o banheiro masculino está estragado e o pessoal fica com preguiça de ir em outro andar. O café da manhã é simples, mas bom: cereais, leite, café, pão...


Bem, em todos os locais acima o pessoal foi sempre muito atencioso. Em Paris, é claro, é que houve um pouco de, digamos, ausência de alegria no atendimento. Tudo isso foi em dezembro de 2008. O Le D'Artagnan é muito bom, mas é preciso chamar a atenção para algumas coisinhas... O fato de ficar nos limites da cidade não é problema, já que há Metro, e tem bicicletas em frente, e ainda um supermercado na esquina. Mas a Internet é paga (em Euros, lembrem-se) e lenta, e travada, e estressante... e a luz do lugar onde se acessa é péssima. Além disso os lockers, também pagos, é longe dos quartos, o que dá para fazer é amarrar/acorrentar e colocar cadeados nas malas. Tem pia nos quartos e banheiro e chuveiro do lado de fora, mas bem bons e limpos. O café é parecido com o de Barcelona, mas melhor apresentado e há mais opções de café, geléias, etc. E o pão é francês (capaz!)... Há também um bar bem legal no local e maquininhas automáticas para tudo: salgadinhos, doces, refrigerantes, cadeados, adaptador, chaveiro, dicionário, cartão telefônico e de Internet, e, com tanta máquina, tem ainda uma só para trocar notas por moedas.


Para finalizar a sessão internacional, o Youth Hostel London Central (foto).



Ao lado de uma estação de rádio da BBC, mas eu só me dei conta depois de um tempo por sair sempre pelo outro lado. Então, fica a dica: dê uma volta em volta do albergue que ficar, sempre que possível. Você pode estar perdendo algo que está logo ali.

O atendimento é ótimo - a menina mais simpática, adivinhem, era uruguaia, mas é preciso fazer justiça com os londrinos: eles são muito educados e atendem bem, apesar da fama de serem educados com fleuma, sabem ser simpáticos. O quarto peca apenas porque os armários não tem fechadura. Mas tudo tinha uma cara de ser tão novinho, que provavelmente já colocaram. Parece que a gente está na casa de uma amiga, e não em um albergue. O banheiro, como eu estava no térreo, era adaptado. Sim! Um albergue totalmente adaptado, com rampas, lugar para a pessoa se segurar no banheiro e tudo mais o que é necessário, inclusive uma cama mais larga. O local é (ou está como) novo, bonito, etc, mas a Internet... cara, MUITO cara... (em Libras, lembrem-se!) e LENTA, MUITO lenta... e não tem café da manhã, tem que comprar. Mas há minimercados próximos ao local, que também é perto da estação Great Portland do Metro - por sinal, e não acredite se disserem outra estação, vai andar mais, à toa...

Detalhes à parte: compartilhar quartos é sempre uma experiência única e rica, na qual é possível conhecer muita gente e exercitar idiomas e tolerância. Pode ser também cômico ou trágico, ou ambos.


Em Londres, por exemplo, conheci meninas muito legais (foto), do Japão, Singapura, Suécia e Espanha. E acabamos nos unindo e trocando contatos (falo até hoje com algumas no Facebook) por conta da tal roomate cadeirante do post anterior, que resolvia desfilar seminua até o banheiro, e ainda soltar gases... Ah, nudista não aparece na foto.

Eu estava em um outro beliche também em cima, então, só ouvi, não senti. Acabamos rindo muito de tudo isso.


Uma coisa interessante é que em nenhum lugar eu fui ou vi ninguém ser assaltado, e olha que o pessoal deixa muitas coisas soltas fora dos armários. Também nunca tive problemas em quartos mistos, acho até que os homens são mais organizados que as mulheres. Enfim, é uma experiência positiva, quase sempre, mas exceções acontecem e não podemos facilitar.

Em breve observações sobre Rio, Salvador, Porto Alegre e São Paulo, embora só tenha me hospedado na última. Outro futuro post vai tratar de idiomas, viajar sozinha e suas dificuldades: insegurança, segurança pública, solidão, tédio... E, especialmente no quesito idioma, adianto que o post poderia se chamar, com o perdão dos termos: "Foda é minha mãe, eu sou fodinha...", pois ela foi sozinha para lugares onde eu poderia facilmente responder "saúde!" e ser uma palavra, ao invés de um espirro... E ainda tem o capítulo "avós". Aguardem.

Um comentário:

Unknown disse...

Estou de acordo que não há que subestimar os apartamentos mobiliados Buenos Aires pelo preço.
Um se pode levar uma surpresa muito agradável!