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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Últimos dias da exposição Olhares sobre a História da Medicina no Muhm e novo horário

Com o final do horário de verão, desde de domingo (17), o Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (Muhm) passa a receber visitantes no seu horário normal: de terças a sextas-feiras das 11h às 19h, sábados, domingos e feriados das 14 às 19h. Esta semana é também a última para apreciar a exposição Olhares sobre a História da Medicina, no prédio histórico da Beneficência Portuguesa, na Av. Independência, 270, Centro de Porto Alegre. A mostra encerra no dia 22 de fevereiro. O Muhm ficará então fechado para o público por duas semanas, quando inaugura a próxima exposição: Mulheres e Práticas de Saúde - Medicina e Fé no Universo Feminino.

Constituída de dez painéis e um rico acervo, a mostra atual já foi visitada por mais de 1.500 pessoas, desde que inaugurou a nova sede do Muhm. Olhares registra a evolução do tratamento da saúde humana, desde os tempos em que a doença era vista como ação de forças do mal e tratada por feiticeiros e sacerdotes, até o avanço dos estudos acerca da anatomia (estrutura) e fisiologia (funcionamento) do corpo humano, o que permitiu a identificação das causas das doenças, revelando um novo agente de cura: o médico. Entre as principais atrações estão documentos e objetos doados por famílias de médicos que atuaram no Rio Grande do Sul. Além de materiais comuns aos profissionais da época, há também peças desenvolvidas pelos médicos para auxiliar em seu trabalho, como o phantom, que representa a pelve feminina e ajudava nas aulas do curso de partos. Um esqueleto humano importado da França para o estudo de anatomia, diplomas de diferentes faculdades de medicina – incluindo um do tempo do Império, livros e móveis completam o cenário.



Homenagem às mulheres

A partir de 08 de março, marcando o Dia Internacional da Mulher, o Muhm vai destacar o pioneirismo das gaúchas na história da medicina brasileira, a partir da trajetória de médicas que venceram barreiras sociais e políticas para estudar, se formar e prestar atendimento médico quando a atividade era predominantemente masculina.

A exposição vai reproduzir um pouco do contexto da época em que viveu a primeira médica formada no Brasil, a gaúcha Rita Lobato, e suas sucessoras Ermelinda Lopes Vasconcelos e Antonieta César Dias, além de Alice Maeffer, a primeira formada em solo gaúcho. Durante o lançamento da nova mostra também será inaugurada a sala Rita Lobato, dentro do Muhm.

Ícone de toda aluna de medicina, Rita Lobato nasceu em 1866, formou-se em 1887, com a tese Paralelo entre os métodos preconizados nas operações cesarianas, na Bahia. Seus estudos foram iniciados no Rio de Janeiro, quando Porto Alegre ainda não tinha faculdade de medicina. Após a morte do marido, com quem se casou dois anos após se formar, dedicou-se à política, sendo eleita a primeira vereadora do RS, na cidade de Rio Pardo, onde exerceu mandato até 1937. Ermelinda Lopes Vasconcelos formou-se em 1888, no Rio de Janeiro, e especializou-se na França fazendo também cursos na Alemanha. Antonieta César Dias nasceu em 1869 e ingressou na faculdade com 15 anos. Formou-se em 1889, também no Rio. No Rio Grande do Sul, Alice Maeffer foi da primeira turma da FMPOA, concluindo o curso em 1904. Deixou a profissão ao casar com um médico, seu colega de turma, e mudar-se para Antonio Prado.

Outras histórias também serão contadas nesta mostra, como a de algumas médicas ainda atuantes que, além de serem pioneiras, já que o crescimento da atividade profissional feminina ainda é recente, alcançaram níveis de excelência técnica e acadêmica.

O Muhm também vai mostrar o trabalho de outras mulheres, que não viraram médicas, mas que trouxeram – literalmente – luz para muitas pessoas: as parteiras. Algumas, com diploma, sim, do curso de Partos, que em Porto Alegre, foi um dos embriões da Faculdade de Medicina, junto com o de Farmácia. E, como a cura tem na fé uma grande aliada, também as benzedeiras terão espaço na exposição.



Cultura e serviços: Quintas no Museu

Durante a exposição Mulheres e Práticas de Saúde o Muhm realizará, sempre às quintas-feiras, no final da tarde, um evento diferente: conversas sobre saúde da mulher, saraus para discutir obras de autores – médicos ou que tenham abordado a medicina em seus trabalhos – além de atrações musicais. A programação poderá ser conferida no site do museu: www.muhm.org.br, que permite, ainda, uma visita virtual ao acervo, inclusive com peças que não estejam na exposição em andamento.


Entrevistadas

Ao todo, serão 20 mulheres - 10 médicas, cinco parteiras e cinco benzedeiras que representarão o universo retratado na exposição. Conheça algumas delas.


Médicas

Themis ReverbelEntre as ouvidas pela equipe do Muhm estão a MD. Themis Reverbel da Silveira, formada em 1964 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A MD. É doutora em Medicina Genética e atua na área de Hematologia Pediátrica.








Rita SoutoMD. Rita Suzana Camargo Souto, formada em 1959, é da primeira turma médica da Faculdade de Medicina de Santa Maria e também fará parte da exposição. Especialista em Pediatria, atualmente exerce atividades na Associação dos Funcionários Públicos do Estado.















Valderes AchuttiMD. Valderes Antonietta Robinson Achutti, formou-se na Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1960. Foi médica clínica da Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente do Estado, na época a única profissional mulher do Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Ferroviários e Empregados do Serviço Público (IAPFESP).
















Parteiras e Benzedeiras

Miguelina SilvaDona Miguelina Maria de Lemos e Silva é a quilombola mais idosa do Estado, com 105 anos. Ela vive em uma comunidade no interior de Mostardas, e já havia sido entrevistada para o livro Benzedeiras e Benzeduras, de autoria de Elma Sant'Ana e Delizabete Seggiaro, editado pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), e agora fará parte da exposição Mulheres e Práticas de Saúde, em março deste ano.








Iara de ÁvilaA equipe do Muhm entrevistou tanto parteiras "curiosas", como eram chamadas as que não tinham formação, como parteiras que estudaram para esta função. É o caso de dona Iara Tavares de Ávila, de Porto Alegre. Sua trajetória também fará parte da exposição.

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